domingo, 24 de abril de 2011

verão de primavera

Sorriu. As gaivotas voam. O mar bate contra as rochas. As crianças correm desenfreadamente pela calçada que, mesmo com falhas, percorre a praia. Ao fundo o som dos barcos faz-se ouvir. As pessoas deitam-se como que lagostas ao sol. O senhor lê o jornal. Ou finge que lê. Voa a folha do meio. E o resto embrulha-se nas suas mãos como se de um guardanapo se tratasse. A senhora ri-se. Aborrecem-se. O vento pode ser tramado. Os vizinhos comentam porque nada no seu dia lhes interessa mais do que a vida dos outros. A bola gira de craque para craque. E, assim, os rapazes fazem-se sentir. As raparigas olham como que a medo. Coram. Riem baixinho e desviam o olhar. Fazem-se de importantes e de desinteressadas. Que mentira. Querem tanto ou mais que eles. Manias. Tudo parece um dia normal de verão. O sol está bem quente. Cheira a maresia. Porém, estamos em Abril. A praia em Abril não pertence aos banhistas. Quanto muito, serve de pano de fundo para o passeio dos turistas. Os surfistas sentem-se usurpados. A praia, a areia, a brisa, o sol, as ondas. Tudo lhes pertence. O nadador salvador não chega. A bandeira ainda não esvoaça no mastro a meio do areal. Mas as correrias são espontâneas. Surgem os barquinhos de encher. As pessoas tendem em mergulhar. O verão chegou mais cedo e ela, sentada na esplanada, sorriu.




V'ideias

1 comentário:

Anónimo disse...

Tão bonito <3
É bom "ler-te" =)

D.G.