quarta-feira, 26 de outubro de 2011

infância

O baloiço parou. A corda ficou no chão. Na prateleira já só encontro livros e cadernos de rabiscos. Já não oiço uma voz ao longe a chamar por mim. Os vestidinhos rodados e os sapatinhos de menina deixaram de ser importantes. Os lápis de cor e as canetas de filtro. O apagador. O giz de todas as cores. A técnica dos lápis de cera e as aulas de trabalhos manuais. E a caixa das recordações está cada vez mais cheia. Parece que foi ontem. Os joelhos esfolados. Os patins em linha. A bicicleta. Jogar às escondidas e ao macaquinho do chinês. Tempos em que tudo tinha cor e os amigos eram para sempre. Onde a confiança era tão natural e os sorrisos espontâneos. Hoje damos um passo de cada vez sempre com receio de tropeçar. Sorrimos porque é eticamente correcto. Ou então simplesmente porque somos simpáticos. Falamos de tudo e nunca sabemos de nada. A confiança é escassa. As amizades incertas. Mas a família para sempre. As saudades da infância afluem como quem se lembra do que comeu ontem. Nas gavetas. Bem no fundo das gavetas encontramos todos aqueles papelinhos dobrados em quatro ou cinco ou seis que guardámos para que nunca nos falha-se a memória. Todas as histórias que vivemos. Todas as baboseiras que escrevemos. Que escrevemos quando ainda tínhamos tempo. Que vivemos quando ainda não sabíamos o que era a vida. Hoje cresci. Não que seja adulta. Não que saiba o que ai vem. E de todo que esteja preparada. Mas já não me sinto a menina de cinco anos capaz de sonhar com tudo aquilo que um dia irei ser.




V'ideias

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

saudade

sinto um aperto quando não estás comigo. mas sei que não me deixas cair sem antes me amparares. quando a curva se torna apertada. e o caminho perigoso. sem escolhas certas. sem um destino seguro. sei que foste porque eu fiquei. sinto que voltas quando eu partir. as decisões valem o que valem. as pessoas são o que são. e tu serás o que nunca ninguém foi.


V'ideias