quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

abraço


Ouviu o som da porta fechar. Encostou-se ao corrimão e deixou-se cair até o frio do chão se entranhar. Embora tenha sentido um sufoco por mais uma vez ter deixado perdida a vontade de continuar, respirou de alívio por finalmente ter chegado. Aquele constante turbilhão de vai e vens, sem conseguir meter os pés no chão. Aquela vontade de despejar todas as palavras que permanecem dia após dia. Nunca foi de grandes emoções e sente-se a fugir naturalmente como quem não quer da coisa. Em si sentiu o cheiro de alguém que em nada lhe pertence. Embora, por vezes, sinta que já faz parte. Nos braços a ânsia de querer. E o abraço que por mais apertado que seja se desvanece no vazio dos sonhos. Porque mesmo que a vontade exista o abraço fica por dizer. A saudade dos últimos cinco minutos que lhe passaram pela mente. Assim como as lágrimas de raiva sem resposta. Numa fracção de segundos pensou que não valeria a pena. Porém, o coração fala sempre mais alto. A consciência sente-se na sombra constante que lhe percorre todos os caminhos. E a inconsciência desliza entre as pequenas linhas que sem saber vai traçando.

V'ideias