Ouviu o som da porta fechar.
Encostou-se ao corrimão e deixou-se cair até o frio do chão se entranhar.
Embora tenha sentido um sufoco por mais uma vez ter deixado perdida a vontade
de continuar, respirou de alívio por finalmente ter chegado. Aquele constante
turbilhão de vai e vens, sem conseguir meter os pés no chão. Aquela vontade de
despejar todas as palavras que permanecem dia após dia. Nunca foi de grandes
emoções e sente-se a fugir naturalmente como quem não quer da coisa. Em si
sentiu o cheiro de alguém que em nada lhe pertence. Embora, por vezes, sinta
que já faz parte. Nos braços a ânsia de querer. E o abraço que por mais
apertado que seja se desvanece no vazio dos sonhos. Porque mesmo que a vontade
exista o abraço fica por dizer. A saudade dos últimos cinco minutos que lhe
passaram pela mente. Assim como as lágrimas de raiva sem resposta. Numa fracção
de segundos pensou que não valeria a pena. Porém, o coração fala sempre mais
alto. A consciência sente-se na sombra constante que lhe percorre todos os
caminhos. E a inconsciência desliza entre as pequenas linhas que sem saber vai
traçando.
V'ideias