segunda-feira, 12 de setembro de 2011

capítulo

sorrisos. palavras. gestos. olhares. presenças que ficam no ar mesmo quando a porta se fecha. mesmo quando a chuva bate na janela do quarto. e quando o vento parece tão forte quanto o sentimento que existe, sinto-me segura por estar aqui. quando voltei. quando decidi ficar. era tudo mais fácil. porque nada sofreu mudanças quando mudámos de direcção. tudo me pareceu normal quando rasguei o embrulho. a máquina dispara vezes sem conta na esperança de registar o momento. de fazer recordar (um dia mais tarde) aquilo que sentimos quando não estamos sozinhos. irónico. a porta abre e fecha ao sabor da tua presença. hoje a porta prendeu e no espelho encontro-me de malas feitas, pronta a partir. peguei no livro e ao acaso abri na página errada. faltam palavras. faltam personagens. as vírgulas transformam-se em pontos. e os pontos ditam o fim. o livro terminou mas o que ficou por dizer perde-se ao sabor das luzes. estas luzes que preenchem o espaço quando procuro na paisagem a lua (que se escondeu). e a estrela que me acompanha todas as noites. mas esta fugiu para outro lugar. aqui ficam caixas e caixas de tudo aquilo que me fez um dia querer voltar. as pessoas mudaram. já nada me parece igual. oiço os sinos uma vez mais. está na hora. desta vez não foi preciso despertador. basta olhar para trás e perceber que as folhas ficaram caídas pelo caminho. os sorrisos. as pessoas. as palavras. afinal, todos os cenários, todas as personagens e todas as falas não foram mais do que parte de um capítulo. um capítulo de uma história que continuará sem fim.