Qualquer que
seja o lugar. Ruas estreitas. Avenidas desafogadas. Ou até mesmo travessas
sombrias. Qualquer que seja a distância. Percursos longos ou caminhos curtos.
Parece que numa fracção de segundos dá por ela a vaguear no meio daquilo a que
chama dilemas da vida. Sejam eles complexos ou apenas questões tão banais que
mais parecem não ter sequer direito a que tal nome se aplique. São as inquietudes
que caminham lado a lado com o seu passo apressado que lhe preenchem todo o
trajecto e consequentemente a conduzem a (re)pensar o mais ínfimo pormenor . Dá
por si tão absorvida na linha que cegamente lhe parece recta que se esquece da
possibilidade de ser ela própria a traçar o seu destino. Do lado de fora os suspiros
do vento fazem-se escutar. No interior, daquele a que chama refúgio, ouve-se a
canção de embalar que a chuva tende em fazer ressoar sempre que se funde com
tudo aquilo que compõe o exterior. E naquele instante o abraço do edredom
parece-lhe ser o único aconchego capaz de suportar aquilo que não queria
sentir. Conforta-lhe, assim, o beijo suave da almofada que de forma discreta se
repete todas as noites. Resta-lhe, então, ouvir o coração e decifrar todas as soluções
que este poderá ostentar. Porém, corre o risco de nunca lhe querer dar razão. Porque o coração tem razões que a própria
razão desconhece, já dizia alguém.
V'ideias