quarta-feira, 27 de abril de 2011

(in)certezas

Tu estás igual. Eu estou igual. E sempre que falas oiço aquilo que me dizes. Porque o tempo passa e as horas mudam. Mas as tuas camisolas já não são de criança. E os meus sapatos já não sao escolhidos pela minha mãe. Os sorrisos deixaram de ser o espelho da inocência. Os olhares cruzam-se, agora, com um outro sentido. Sinto que no ar ficou a nostalgia de quando nos conhecemos. Não de quando nos vimos. Mas sim de quando percebemos que, ainda que com todos os defeitos que nos são característicos, existem pessoas perfeitas. Os meus sonhos não são os teus sonhos. E ambos sabemos dessa realidade. Mas quem se cruza pelo caminho poderá, sempre, recorrer a um atalho. O lado certo não existe. O lado errado também não. E os atalhos acontecem quando percebemos que nada nos impede de construir o nosso próprio destino. Porque o relógio voltou a mudar e tu continuas aqui. Os segundos passam e a dúvida se ficas ou se vais deixou de me importar. A decisão é tua. Gostava de te ouvir e de perceber tudo aquilo que me tentas dizer. No entanto, prefiro que deixes as palavras voarem ao sabor do vento. Simplesmente porque a tua presença começa a tornar-se o essencial. Dando às palavras perdidas um rumo que nenhum de nós saberá seguir. Na esperança de que um dia as encontremos. Porque o sentimento não se vê. Sinto-o. Mas sei que tu apenas ouves aquilo que te digo. Ouves ou finges ouvir. Estás ou tentas transparecer que estás. Vais e ficas constantemente. Entrelaças-te a cada instante nas tuas próprias indecisões. Embora, no fundo eu saiba que nunca terás certezas. Mas são as incertezas que, todos os dias, me fazem gostar de ti.


V'ideias

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