quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

seguiu

Deu consigo a rasgar envelopes por abrir. Envelopes que escondem em si aquilo que os caracteriza. Algo que ficará guargado apenas em quem um dia os enviou. Pegou na mala e saiu. Trancou a porta. Mas deixou as janelas abertas. Acendeu as luzes. Mas deixou os estores a meio. Não estava em casa. Mas ninguém precisava de saber. Não estava bem. No entanto, não o queria dizer. Atravessou a rua entre os carros. Não olhou para lado nenhum. Teve sorte. O sinal estava verde. Desceu as escadas ao final da rua. Correu até apanhar o autocarro. Sentou-se no último lugar e ficou colada ao vidro. Aquele vidro que estava sujo. Aquele vidro a que todas as pessoas um dia se encostaram. Nem se lembrou. Nem se quis lembrar. Tudo lhe passava pela cabeça. Pensamentos bons. Pensamentos menos bons. Aqueles que a fizeram chorar. E ainda aqueles que a fizeram sorrir. O autocarro parou e ela saiu. Não escolheu a paragem. Simplesmente saiu. Não conheceu o cheiro. Não viu pessoas. Seguiu em frente. Parou. Respirou fundo. Viu o mar. Avistou a outra margem. E percebeu que onde quer que tivesse ido parar, nada seria mais importante do que estar consigo mesma.

1 comentário:

Anónimo disse...

:)Se escrevesses na primeira pessoa, ficava ainda mais bonito.

Não tentes disfarçar(-te) (n)a escrita.

Gostei*